A internacionalização é, hoje, um dos caminhos mais importantes para o crescimento das empresas portuguesas. Ao que aqui o blog do projeto BOW tenta dar algumas respostas e roteiros. Que podem ser utilizados como apoio a decisões mais informadas.
Num mundo globalizado, competitivo e em constante transformação, expandir para outros mercados é quase obrigatório para garantir futuro, relevância e rentabilidade. Mas já não basta ter um bom produto ou um preço competitivo. Os mercados internacionais, especialmente os mais exigentes, pedem mais pois o contexto de competitividade mudou, e vai mudar novamente. E o que os mercados externos pedem cada vez mais é sustentabilidade. Até por obrigações legais ou regulamentares para poder competir!
Neste artigo, partilhamos uma visão prática e acessível sobre como a sustentabilidade se tornou uma peça-chave na estratégia de internacionalização.
Sustentabilidade: de tendência a condição para competir
A sustentabilidade deixou de ser uma ação de marketing ou uma tendência de gestão. Hoje, é uma condição essencial para entrar em alguns mercados. Os consumidores estão mais atentos e mais exigentes. As regulações são mais apertadas. E os parceiros internacionais querem alinhar-se com empresas que respeitam a sustentabilidade nos seus 3 pilares (Ambiente, Económico e Social), assim como os negócios que têm uma visão de longo prazo.
E qual é a boa notícia? Ser sustentável também é bom para o negócio. Pode reduzir custos, melhorar a reputação, atrair talento e abrir portas a novos clientes/mercados.
Um caminho em quatro passos
Adotar a sustentabilidade como motor da internacionalização não precisa de ser complicado.
- Saber onde estamos – antes de definir objetivos, é preciso perceber como está a empresa hoje. Já há medidas de eficiência energética? Há algum plano de reciclagem ou redução de desperdícios? Qual o impacto ambiental da produção? Estas perguntas ajudam a criar um ponto de partida realista e a identificar o que pode ser melhorado.
- Conhecer o mercado de destino – cada país tem as suas exigências. Há mercados onde os consumidores valorizam mais a pegada de carbono e outros onde a legislação é mais rigorosa. É por isso essencial estudar bem o mercado-alvo: perceber o que é valorizado, quais são as regras e onde a nossa proposta de valor pode ou deve ser ajustada.
- Definir objetivos sustentáveis – não basta ter boas intenções. É preciso transformar a visão em metas concretas: reduzir emissões, usar menos energia, obter certificações reconhecidas. Estas metas devem ser claras, mensuráveis e com prazos definidos. Assim, é possível mobilizar a equipa e mostrar resultados.
- Montar um plano e medir o progresso – o plano de ação deve ser simples, com tarefas distribuídas, prazos e formas de avaliar os resultados. Usar indicadores (KPIs) para acompanhar os avanços ajuda a manter o foco e a motivação. E permite ajustar sempre que necessário.
A força das certificações
As certificações são muitas vezes a porta de entrada para novos mercados. Elas mostram compromisso, dão credibilidade e muitas vezes são mesmo obrigatórias. Exemplos como a ISO 14001 (gestão ambiental) ou a B Corp (sustentabilidade global) são cada vez mais procurados por clientes e parceiros.
Eficiência energética e economia circular: mais do que palavras
Falar de sustentabilidade é também falar de eficiência energética. Usar melhor os recursos, gastar menos energia, reaproveitar materiais, desenhar produtos que duram mais (ciclo de vida do produto) — tudo isto contribui para um negócio mais forte, mais ágil e mais preparado para o futuro.
Comunicar com verdade e clareza
Não chega fazer. É preciso mostrar o que se faz. A comunicação da sustentabilidade deve ser transparente, simples e próxima. Falar com os clientes, os fornecedores, os parceiros. Partilhar os avanços, os desafios, os compromissos. Evitar exageros ou promessas vazias — o chamado greenwashing — porque isso pode destruir a confiança.
Construir um roteiro sustentável
Para quem quer passar da teoria à prática, construir um roteiro de sustentabilidade começa com uma decisão estratégica: assumir que este é um pilar central do negócio. Depois, é importante nomear uma equipa ou responsável que lidere o processo, com capacidade para envolver diferentes áreas da empresa.
O segundo passo é mapear todos os processos — desde a origem das matérias-primas até à entrega ao cliente — para identificar onde estão os principais impactos ambientais e sociais. Com base nesse diagnóstico, podem-se priorizar as ações com maior potencial de melhoria ou risco.
O terceiro ponto é investir na formação de equipas. Sem conhecimento, é difícil inovar ou implementar mudanças com impacto. A sensibilização interna é um acelerador poderoso: quando todos percebem o “porquê”, o “como” torna-se mais fácil.
Por fim, é essencial integrar a sustentabilidade na estratégia de crescimento. Isso significa alinhar os objetivos de exportação e internacionalização com critérios sustentáveis, definindo metas, prazos e mecanismos de medição. Só assim a sustentabilidade deixa de ser um projeto paralelo e passa a fazer parte do ADN da empresa.
Conclusão: Sustentabilidade é o futuro, ou é já o presente?
A sustentabilidade não é um custo, mas sim um investimento com retorno. É uma oportunidade. As empresas que a abraçarem de forma séria e estratégica vão estar melhor preparadas para conquistar mercados, crescer com responsabilidade e deixar uma marca positiva.
Neste novo contexto global, ser sustentável é, mais do que nunca, o verdadeiro passaporte para a internacionalização.
Autor: Equipa do Blog do BOW


