Ter a informação certa, no momento certo quando se toma uma decisão no contexto dos mercados internacionais globais é, cada vez mais, de uma importância capital.

E cada vez mais esta informação não se pode basear, somente, em processos “amadores” ou em feelings, mas sim em processos e métodos testados e executados com profissionalismo e assertividade.

A “obrigação” de fornecer aos decisores essa informação cabe aos serviços, departamentos e empresas de Intelligence.

Mas, cada um de nós pode (e deve) para cada decisão, da maior à mais pequena, seguir o se define como IGP (Intelligence Gathering Process) e que é composto de 7 passos.

O primeiro é o FUNDAMENTAL e consiste em definir, claramente as CIRs (Critical Intelligence Requirements) isto é, em linguagem muito simples; “que perguntas tem de se ter respondidas para se tomar a decisão”.

Pode parecer estranho, mas saber fazer perguntas é fundamental, porque se não se fizer a pergunta certa nunca se terá a resposta pretendida. Em todos os processos saber perguntar é tão ou mais importante do que saber responder.

Quando se sabe que perguntas se tem de responder passa-se para o segundo passo neste processo, a IDENTIFICAÇÃO E TRIAGEM, isto é, saber quem sabe responder às perguntas.

Nesta fase faz-se o que em Intelligence se define por seleção e triagem de fontes que determina quem é o individuo que, em simultâneo, tem acesso à informação e está disposta a dá-la. Na Intelligence de Estado (nos chamados “Serviços Secretos”) a seleção da fonte faz-se pelo muito famoso acrónimo MICE (Money, Ideology, Compromise, and Ego) sendo que só é necessário definir em quais destes aspetos a fonte está mais “vulnerável” para lhe extrair a informação. Mas, na Business Intelligence não se utiliza esses métodos (pelo menos com frequência e “oficialmente”) sendo usual selecionar as fontes por networking.

A terceira fase é a COLETA, isto é, ir ter com a fonte selecionada e fazer as perguntas esperando que ela dê as respostas que necessitamos. Nesta fase é importante saber abordar a fonte, “cultivar” a fonte, fazer relações-públicas e, fundamental, ser um bom avaliador de personalidades. Conhecimentos em interpretação de linguagem corporal, PNL e neurocomportamento são fundamentais na “extração” da informação da fonte. Porque, como diz na Intell, uma fonte diz mais quando mente do que quando diz a verdade, porque quando diz a verdade, normalmente, diz o que já todos sabem. É quando mente, logo, quando está a proteger informação, que dá pistas e indicações para aquilo que, de facto, é relevante.

A terceira fase designa-se por PRODUÇÃO e consiste em reunir toda a informação recolhida (de preferência de várias fontes) e dar-lhe um nexo de causalidade, uma lógica. Primeiro, e isto em gíria de Intell, faz-se a “garimpagem”, isto é, separar a informação relevante da irrelevante para o se está a trabalhar e, com a informação relevante dar-lhe uma ordem, um nexo, uma lógica, uma coerência.

Estando na posse de informação coerente, fidedigna e relevante procede-se à ANÁLISE, a quarta fase, interpretando, tirando ilações, fazendo previsões, em suma, assimilando e contextualizando tudo o que a informação recolhida nos transmite. Nesta fase é preciso ter muita “frieza”, rigor, imparcialidade e realismo. Temos, agrade-nos ou não, venha de encontro às nossas expetativas ou não, de nos cingir aos factos, mesmo que estes não sejam aqueles que queríamos obter. Mas se assim não for todo o processo foi inútil.

A quinta fase é o RESUMO que consiste em dar uma forma tangível a tudo, através de um relatório, de uma apresentação ou, então, conforme os casos, um simples telefonema ou mensagem. O resumo, sempre e obrigatoriamente, seja qual for a sua forma, deve seguir a “Regra dos 3 Cs”: Curto, Claro, Conciso!

A sexta fase é a DECISÃO, quando o Decisor, com base na informação obtida, toma uma decisão. Ressalve-se que, em Intell, não decidir é, por si só, uma decisão e não aturar assume-se como uma ação.

Finalmente a AVALIAÇÃO, a sétima fase. Nada está, de facto, concluído se não for avaliado.

Só pela avaliação podemos saber o real impacto do processo, do trabalho e assim, sempre, desencadear medidas de melhoria continua, pois, por muito bem feito que tenha sido o trabalho, por muito sucesso que se tenha obtido, por muitos resultados que se tenham alcançado na operação há sempre lugar a melhorar, a evoluir e a ser, continuamente, mais excelente.

E assim se conclui o IGP.

Este processo pode demorar anos ou pode demorar minutos, dependendo da decisão que se tem de tomar e de toda a complexidade dos fatores envolvidos.

O fundamental é que seja efetuado de modo que cada decisão seja fundamenta em fatos, em informações, na realidade e não, somente, em feelings, em “achismos”, em modas e tendências.

Porque cada vez mais, num mundo mais globalizado, cada decisão, por mais insignificante e irrelevante que seja, pode desencadear processos com impactos enormes tanto positivos, como negativos.

Fazer um processo de Intell é obrigatória em todo o processo decisório, em especial em contextos tão competitivos como nos mercados internacionais globais.

Dá trabalho? Dá!

Mas como dizia Albert Einstein (aquele senhor com a língua grande) “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”.

 

Autor: Rui Costa e Silva