Expandir para novos mercados internacionais pode ser uma aventura excitante, mas também repleta de desafios. 

Uma das formas mais eficazes de mitigar os riscos e aumentar as hipóteses de sucesso é através da formação de parcerias estratégicas e joint ventures. Estas abordagens permitem que as empresas portuguesas entrem em novos mercados de forma mais segura, ao mesmo tempo que tiram partido do conhecimento local e das infraestruturas já estabelecidas. 

Neste artigo, vamos explorar em detalhe como as parcerias e joint ventures podem ser usadas como estratégias para a internacionalização, os seus benefícios e os desafios que podem apresentar.

O Que são parcerias e Joint Ventures?

Parcerias – as parcerias são acordos de cooperação entre duas ou mais empresas, em que todas as partes beneficiam de um relacionamento comercial mútuo. Cada empresa mantém a sua independência, mas colabora em áreas específicas, como distribuição, produção ou marketing. As parcerias podem variar em complexidade, desde simples acordos de fornecimento até colaborações mais profundas em inovação ou expansão conjunta.

Joint Ventures – as joint ventures, por outro lado, envolvem a criação de uma nova entidade legal por duas ou mais empresas. Esta entidade é partilhada e gerida conjuntamente pelos parceiros, com cada parte a contribuir com recursos, know-how e capital. Uma joint venture é mais formal e comprometida do que uma parceria, normalmente focada em objetivos específicos, como a entrada num novo mercado ou o desenvolvimento de um novo produto.

Vantagens das parcerias e Joint Ventures na internacionalização

Acesso ao Conhecimento Local

Uma das maiores vantagens das parcerias e joint ventures é o acesso ao conhecimento local. Quando uma empresa portuguesa colabora com uma empresa local no mercado estrangeiro, pode beneficiar imediatamente de uma compreensão mais profunda das leis, regulamentos, cultura e hábitos de consumo.

Compreensão das regulamentações locais – as empresas locais têm um conhecimento detalhado das regulamentações comerciais, fiscais e legais que podem ser complexas para uma empresa estrangeira navegar sozinha.

Cultura e práticas locais – as parcerias permitem que as empresas portuguesas evitem cometer erros culturais ao adaptar a sua oferta ao mercado local. O parceiro local pode aconselhar sobre adaptações de produto, campanhas de marketing, ou a melhor forma de se conectar com os consumidores.

Redução de custos e riscos

Entrar num novo mercado requer um investimento substancial de recursos, e os custos podem ser elevados. As parcerias e joint ventures permitem dividir esses custos e reduzir o risco financeiro, já que ambas as partes partilham a responsabilidade.

Em joint ventures, as empresas partilham os custos iniciais, como infraestruturas, recursos humanos e marketing. Isto permite que a empresa estrangeira reduza o seu compromisso financeiro inicial e minimize o risco de uma entrada falhada.

As empresas podem partilhar infraestruturas, tecnologia e recursos, o que permite economias de escala e maior eficiência operacional. Por exemplo, uma empresa portuguesa pode beneficiar de redes de distribuição já estabelecidas pelo parceiro local.

Acesso a novos mercados e clientes

Ao formar parcerias ou joint ventures, as empresas estrangeiras ganham acesso imediato a novos mercados e clientes através dos canais estabelecidos pelo parceiro local. Isto pode ser crucial para uma entrada rápida e eficaz num mercado altamente competitivo.

Uma empresa local pode já ter relações estabelecidas com distribuidores, retalhistas e clientes, permitindo à empresa estrangeira penetrar no mercado de forma mais rápida e eficaz.

Colaborar com uma marca local já estabelecida pode ajudar a construir confiança e reconhecimento mais rapidamente do que uma abordagem de entrada totalmente nova e independente.

Apoio em processos de negociação

Em muitos mercados, os processos de negociação podem ser significativamente diferentes do que em Portugal. Um parceiro local pode auxiliar nas negociações com fornecedores, clientes e até com o governo local, aumentando as hipóteses de acordos mais favoráveis.

Em algumas culturas, como na Ásia, as negociações podem ser longas e baseadas em relações de confiança que precisam de ser cultivadas ao longo do tempo. Um parceiro local já familiarizado com esses processos pode garantir que as negociações correm de forma mais eficiente.

Desafios das parcerias e Joint Ventures

Apesar dos muitos benefícios, as parcerias e joint ventures também apresentam desafios que devem ser geridos com cuidado para garantir o sucesso da colaboração.

Alinhamento de objetivos

Um dos maiores desafios em qualquer parceria ou joint venture é garantir que ambas as partes estão alinhadas em termos de objetivos e expectativas. Diferentes visões estratégicas, metas de crescimento ou abordagens operacionais podem levar a conflitos.

A cultura empresarial pode variar amplamente entre diferentes países. Empresas portuguesas podem estar habituadas a operar com maior flexibilidade, enquanto o parceiro local pode seguir uma estrutura mais hierárquica e burocrática. A falta de alinhamento pode levar a fricções na tomada de decisões.

Para evitar mal-entendidos, é essencial que todas as partes envolvidas num acordo de parceria ou joint venture estabeleçam desde o início termos claros sobre direitos, responsabilidades e expectativas. Um acordo detalhado por escrito deve definir metas de curto e longo prazo, estratégias de saída e mecanismos de resolução de conflitos.

Partilha de controlo e tomada de decisões

Nas joint ventures, especialmente, o controlo da empresa é partilhado, o que pode gerar dificuldades na tomada de decisões. Questões como quem toma as decisões finais e como serão distribuídos os lucros devem ser claramente definidas.

A tomada de decisões pode tornar-se mais lenta e complexa, especialmente se as partes envolvidas tiverem estilos de gestão diferentes. É necessário definir processos claros de governação e mecanismos de decisão.

Gestão de conflitos

Mesmo com acordos bem definidos, conflitos podem surgir ao longo do tempo, especialmente se uma das partes sentir que está a contribuir mais ou a receber menos do que o esperado. A gestão eficaz de conflitos é essencial para garantir que a parceria ou joint venture não seja comprometida.

É importante ter mecanismos formais de resolução de conflitos no acordo inicial, como mediação, arbitragem ou, em último caso, litígios. Estes mecanismos devem ser acordados com antecedência para evitar escalonamentos desnecessários.

Exemplos de sucesso e casos práticos

Um exemplo clássico de joint venture bem-sucedida é a colaboração entre a Toyota e a PSA Peugeot Citroën para a produção de carros compactos na Europa. Ambas as empresas dividiram os custos e desenvolveram novos modelos de forma conjunta, aproveitando as infraestruturas e conhecimento de mercado de cada um.

No setor alimentar, muitas empresas portuguesas têm formado parcerias com distribuidores locais para expandir as suas marcas em mercados estrangeiros. Por exemplo, produtores de vinhos portugueses estabelecem parcerias com distribuidores nos EUA ou Brasil para aumentar a presença das suas marcas sem precisar de investir diretamente em infraestruturas de venda nesses países.

Dicas para criar parcerias e Joint Ventures de sucesso

A escolha do parceiro é crítica. Procure empresas com valores semelhantes, visão alinhada e reputação sólida no mercado local. A clareza é fundamental em todas as fases da parceria. Certifique-se de que os acordos incluem todos os detalhes, desde objetivos até à divisão de lucros e responsabilidades.

Como em qualquer negócio, as circunstâncias podem mudar. Realize revisões regulares da parceria ou joint venture para garantir que tudo está a funcionar como planeado e faça ajustes conforme necessário.

As parcerias e joint ventures são ferramentas poderosas para empresas portuguesas que procuram expandir-se internacionalmente. 

Oferecem oportunidades significativas para reduzir riscos, partilhar custos e aceder a novos mercados de forma mais eficiente. No entanto, para garantir o sucesso, é essencial investir na escolha certa do parceiro, na negociação de acordos claros e na gestão eficaz dos desafios que possam surgir ao longo do caminho. Com a estratégia correta, estas colaborações podem abrir portas para o crescimento e sucesso sustentável em mercados globais.

 

Autor: equipa do blog do BOW