Na área das informações e dos negócios um grande negócio não é, por consequência, um bom negócio. Até podemos estar a faturar 5 milhões! Grande negócio! Mas se gastarmos 5 milhões e 1 cêntimo para concretizar essa operação passa a ser um grande, mas MAU negócio.

Essa perceção devia ser a base da “filosofia” empresarial portuguesa e do empreendedorismo nacional.

Vamos assumir: somos quem somos!

Somos um país maravilhoso, com gente maravilhosa, mas somos uma economia pequena e muito aberta ao exterior, com 10 milhões de habitantes, no extremo ocidental da Europa, com um sistema político ainda a recuperar de 50 anos de ditadura.

Não conseguimos competir, em grandeza e capacidade de produção, investimento e distribuição com os grandes colossos mundiais tanto os “tradicionais” como os Estados Unidos, a Commonwealth assim como os emergentes BRICS que ameaçam mudar o contexto geopolítico e geoeconómico global.

Se tentarmos “jogar esse jogo” vamos, por certo, perder.

Então: o que fazer?

Simples!

Sermos nós próprios!

De todas as qualidades que o português tem (e que são imensas) há uma que pode ser fundamental e decisiva no mundo dos negócios: fazer o que não foi feito!

Não fomos nós que nos metemos em barcos que mais pareciam cascas de nozes e conquistamos os mares sem fim? Não fomos nós que fomos onde nunca ninguém foi e descobrimos o comercio da India, da China, do Japão?

Não fomos nós que nos metemos pelo Brasil dentro, enfrentando panteras e jiboias e descobrimos ouro e diamantes? Não fomos nós que pusemos o mundo a beber chá e a beber vinho do porto?

Se fizemos isso no passado porque não fazemos isso agora?

O segredo em quase todos os mercados está claramente na relação – esta tem de vir sempre antes da transação e não o inverso (com o lema “quem não aparece esquece” sempre presente), assente na priorização de uma estratégia de entrada focada na diferenciação pela inovação/qualidade uma vez que a estratégia preço é quase sempre arriscada e replicável, quando não ultrapassável a curto prazo, pela concorrência.

A realidade é que não existe uma solução única que seja aplicável a qualquer empresa e a qualquer mercado para que a sua estratégia de internacionalização funcione. Cada caso é um caso devendo ser pensado, cada binómio empresa/mercado tem os seus desafios e riscos próprios, os seus constrangimentos/contextos particulares e a sua estratégia específica.

Temos de nos deixar de ir em modas e em tendências, temos de deixar de seguir os outros e de nos compararmos com os outros.

Temos de sermos nós e fazer o que sabemos fazer de melhor: inovar, inventar, arriscar, descobrir, desbravar, explorar.

Temos de deixar de sonhar com grandes negócios para passar a realizar negócios diferentes, mas, pela diferença e também pela qualidade, bons e até ótimos negócios.

Temos de regressar ao nosso passado para nos reencontramos e assim, encontrar a nossa alma, o nosso verdadeiro ser e a nossa glória que nos lançará para o sucesso futuro.

Porque nós o que queremos são bons negócios, com alta rentabilidade, com elevado retorno.

E esses negócios estão, no atual mercado, na exclusividade, na diferenciação e na inovação.

Temos de procurar e encontrar nichos, temos de investir em Business Intelligence para descobrir, não o que os mercados querem, mas sim o que os mercados quererão, temos que nos começar a antecipar aos nossos principais concorrentes, a diferenciarmo-nos pela qualidade, pela diferença, temos que ser diferentes e melhores, temos que ser nós mesmos, porque tudo o que acabei de descrever foi o que sempre fizemos quando vencemos.

Deixemo-nos de importar modelos, filosofias, gurus e influencers. Como dizia o Eça de Queirós, nos Maias “são em segunda mão, ficam-nos curtas nas mangas”.

Vamos voltar a ser nós mesmos, porque só quando formos nós mesmo seremos, de facto, bons.

Claro que observando, estando atento, aprendendo com o que os outros fazem, tanto de bom como de mau.

Mas que isso nos sirva de aprendizagem e de inspiração e não de modelo ou de sistema.

Para mudarmos o rumo dos resultados comerciais na economia atual antes de mais e primeiro que tudo temos de mudar as mentalidades.

Muito já foi feito!

Muito ainda há para fazer!

Vamos começar, então, como diz Fernando Pessoa, “a conquistar a distância, do mar ou outra, mas que seja nossa!”

E será nossa!

 

Autor: Rui Costa e Silva