“A guerra é uma parteira: das entranhas do mundo faz emergir um outro mundo.” Mia Couto
Infelizmente o mundo, ao contrário do que muitos sonham e até acreditam, não é um lugar nem pacifico nem simpático. E ele nunca este tão BANI (ver artigo aqui no blog do BOW) – frágil, ansioso, não-linear e incompreensível. Os conflitos na Europa e no Médio Oriente são uma realidade que nos afeta nos negócios internacionais e com muito impacto na geoeconomia e na geopolítica.
O mudo um minúsculo ponto azul, um grão de poeira, no imenso Cosmos (indo buscar a analogia ao grande Carl Sagan) onde, desde os princípios e em continuo sempre existiram conflitos, guerras, disputas e constantes catástrofes de origem natural.
Hoje, como somos mais, afeta mais gente e (matemática pura) e, com os órgãos de comunicação e redes sociais, temos mais noção e consciência dos eventos, que, por todo o globo, todos os dias, causam milhares de vítimas e centenas de milhares de euros de prejuízos, destruição e ruína.
Quanto aos conflitos armados temos, sempre, 2 certezas: a primeira é que irão terminar como tudo termina neste mundo, de um modo ou de outro, vencendo justos ou criminosos, mas terminando; a segunda certeza é que depois destes conflitos outros virão, inevitavelmente.
Afinal, como dizia Winston Churchill “a paz é uma fantasia humana nunca vista neste mundo.”
Mas da Ucrânia à Faixa de Gaza, do Iémen ao Congo os conflitos atuais irão terminar e começarão, então, imensos, complexos e muito longos processos de recuperação e reconstrução que envolverão milhares de milhões de euros.
E é necessário que alguém forneça os materiais, os utensílios, os serviços e a mão-de-obra que torne esses processos de reconstrução possíveis, rápidos, eficientes e sustentados. Reparem que não se trata de nos aproveitarmos da desgraça alheia, nem obtermos lucro da má sorte de pessoas já vitimizadas. Pelo contrário.
Se começarmos, desde já a antever e a planear a reconstrução e recuperação, por exemplo da Ucrânia, podemos iniciar processos de investigação e desenvolvimento de produtos e serviços que possibilitem que esse país martirizado pela guerra há mais de 2 anos, essa população dizimada, regresse à normalidade o mais depressa e com o menor custo possível.
E nós vamos lucrar com isso? Claro!
Afinal também é um direito humano, consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948, no seu artigo 23º “Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana.”
Por isso empresas, empresários e empreendedores devem ver, nos atuais conflitos, também oportunidades de negócio, negócios justos, que irão trazer lucro a quem aqui trabalha, mas também ajudar, auxiliar e confortar quem tanto disso precisa. Agora: esse esforço, esse planeamento, esse posicionamento no mercado deve ser feito desde agora.
Em primeiro garantindo junto das organizações humanitárias, em especial das Nações Unidas, as certificações necessárias para ser fornecedor de bens em serviços em zonas de conflito e de catástrofe em processo de recuperação e reconstrução (o designado United Nations Global Marketplace (UNGM)), para, de seguida começar a efetuar um levantamento de necessidades dessas zonas nas áreas em que operamos e em que fase dos processos de recuperação e reconstrução os serviços e bens de cada área serão necessárias.
Nas primeiras fases, por certo, serão prioridades os serviços e materiais relacionados com a limpeza e remoção de todos os despojos e remanescentes provocados pela destruição dos edifícios para além da ajuda primária às populações em termos de habitação, alimentação, saúde e educação.
De seguida será a fase da reconstrução e edificação de edifícios e estruturas críticas como edifícios, centrais elétricas, sistemas de saneamento, fornecimento de telecomunicações.
Depois seguir-se-á a recuperação da indústria, do comercio, da agricultura (em que a Ucrânia é uma potencia mundial). Nesta fase serão necessários utensílios, máquinas, estruturas.
Em todas as fases a necessidade de know-how será GIGANTESCA, mas os elementos que levarão os seus conhecimentos, desde a engenharia civil à gestão logística, desde a formação de quadros até à nutrição, terão de estar devidamente e formados para intervir em zonas de pós-conflito (recomenda-se que o sejam pelos padrões das Nações Unidas).
E depois outras fases se seguirão e todas elas necessitarão de fornecedores, de técnicos, de especialistas que forneçam o que é necessário para que a normalidade possa regressar àquele país no menor tempo possível.
E estamos a dar, unicamente, o exemplo da Ucrânia, pois é aquele que nos está mais próximo e nos é mais presente. Este modelo, esta circunstancia, especialmente nos atuais mercados globais, aplicam-se a todas as nações e zonas que sofrem processos de destruição, seja por ação humana, seja por ação natural como sismos, tempestades, inundações, etc..
São, todas estas circunstâncias, oportunidades de negócio, são oportunidades de internacionalização, mas também e em simultâneo, são oportunidades de ajudar, de contribuir, de nos tornarmos úteis para um mundo mais justo, pacifico e desenvolvido.
Desta forma precisamos, desde já, de nos preparar, planear e posicionar de modo que, quando for necessário, tenhamos o que é preciso para quem precisa e, com isso, todos, mas todos mesmo, possamos beneficiar e lucrar.
Autor: equipa do blog do BOW