A internacionalização, como temos vindo a retratar aqui no blog do BOW da AEP, é uma etapa essencial para muitas empresas que pretendem crescer e diversificar a sua base de clientes. 

No entanto, essa expansão para mercados externos envolve riscos significativos. Esses riscos podem variar desde questões políticas e económicas, até desafios culturais, logísticos e financeiros.

Mitigar esses riscos é crucial para assegurar uma entrada bem-sucedida em novos mercados. Neste artigo, vamos explorar as principais estratégias que as empresas portuguesas podem adotar para minimizar os riscos associados à internacionalização.

Diversificação de mercados

A diversificação de mercados é uma das estratégias mais eficazes para mitigar o risco na internacionalização. Ao diversificar, a empresa reduz a sua dependência de um único mercado, o que ajuda a proteger o negócio contra crises económicas, políticas ou sociais num país específico. E o calendário do BOW pode ajudar nesse sentido.

Evitando a dependência de um único mercado – expandir para vários mercados diferentes pode ajudar a equilibrar as receitas e reduzir o impacto de potenciais choques económicos. Por exemplo, se um mercado estiver em recessão, outros mercados podem compensar essa queda.

Entrada gradual – em vez de apostar tudo num só mercado estrangeiro, as empresas podem optar por uma abordagem faseada, expandindo-se gradualmente para diferentes regiões, testando o sucesso em cada uma delas antes de uma grande expansão.

Planeamento financeiro cuidadoso

Uma das maiores fontes de risco na internacionalização é o planeamento financeiro inadequado. A entrada em novos mercados pode envolver investimento significativos, e sem um planeamento rigoroso, as empresas podem rapidamente encontrar-se numa posição financeira difícil.

Criação de fundos de reserva – ao planear a expansão, é fundamental que as empresas criem um fundo de reserva para cobrir quaisquer despesas inesperadas ou emergências. Este fundo deve ser suficiente para cobrir possíveis contratempos durante os primeiros anos de operação no novo mercado.

Análise das flutuações cambiais – ao operar internacionalmente, fora dos mercados europeus, as empresas portuguesas estão expostas a variações cambiais, que podem impactar diretamente a rentabilidade. Para mitigar este risco, é aconselhável utilizar instrumentos financeiros como contratos de câmbio a prazo ou seguros cambiais para proteger a empresa das flutuações adversas.

Gestão de custos logísticos – o transporte e a logística podem ser grandes fontes de despesa. Negociar acordos com fornecedores e transportadoras, bem como planear cuidadosamente as rotas de distribuição, pode reduzir significativamente os custos e minimizar atrasos ou falhas nas entregas.

Compreender o ambiente político e legal

A instabilidade política e as mudanças nas regulamentações podem ter um impacto profundo nas operações de uma empresa num mercado externo. A legislação local pode mudar rapidamente, resultando em novos impostos, tarifas ou restrições comerciais. A falta de preparação para essas alterações pode levar a perdas significativas.

Monitorização contínua das políticas – as empresas devem acompanhar de perto o ambiente político e regulatório nos mercados onde operam ou pretendem operar. Manter uma rede de contatos locais e monitorizar as notícias e tendências políticas pode ajudar a antecipar e preparar-se para mudanças.

Consultoria jurídica local – é aconselhável contratar advogados ou consultores locais especializados em direito comercial e internacional para garantir que a empresa está em conformidade com todas as regulamentações. Além disso, os especialistas locais podem fornecer orientação sobre como adaptar-se rapidamente a novas leis ou mudanças políticas.

Parcerias locais e Joint Ventures

Formar parcerias estratégicas com empresas locais pode ser uma excelente forma de mitigar riscos na internacionalização. Parceiros locais geralmente conhecem melhor o mercado, as regulamentações e os costumes culturais, permitindo à empresa estrangeira navegar com mais segurança.

Joint Ventures – formar joint ventures com empresas locais pode permitir que as empresas portuguesas partilhem os custos e riscos da entrada no mercado. Além disso, podem beneficiar do conhecimento local, enquanto contribuem com a sua experiência e know-how.

Franchising ou Licenciamento – para empresas que pretendem expandir sem um compromisso financeiro elevado, o franchising ou licenciamento pode ser uma boa opção. Estes métodos permitem à empresa estabelecer-se num novo mercado sem os custos de construção de uma infraestrutura completa.

Gestão de Riscos Culturais

As diferenças culturais podem criar barreiras inesperadas na internacionalização. Desde diferenças nas preferências dos consumidores até normas de comunicação e negociações, compreender a cultura do mercado-alvo é essencial para mitigar o risco de falhas.

Investimento em pesquisa de mercado – antes de entrar num novo mercado, as empresas devem investir em estudos de mercado focados nos comportamentos culturais, preferências de compra e expectativas dos consumidores. A pesquisa cultural também pode ajudar a adaptar produtos ou serviços para atender melhor às necessidades locais.

Treino e formação Intercultural para as equipas – capacitar as equipas para lidar com diferenças culturais através de formação intercultural pode ajudar a evitar mal-entendidos ou erros nas negociações e no relacionamento com parceiros e clientes. Um bom conhecimento da cultura local pode melhorar significativamente as operações e a aceitação da marca no mercado-alvo.

Seguros e Garantias de Crédito

Proteger os investimentos e receitas através de seguros e garantias é uma estratégia eficaz para mitigar o risco financeiro associado à internacionalização.

Seguro de risco político – este tipo de seguro pode proteger as empresas contra perdas decorrentes de eventos políticos como expropriação, guerra, ou instabilidade civil. É particularmente relevante em mercados com risco político elevado.

Seguro de crédito à exportação – este seguro protege as empresas contra o risco de não pagamento por parte dos seus clientes internacionais. Se um cliente estrangeiro não cumprir o pagamento, a empresa é compensada pela seguradora, minimizando o impacto financeiro.

Tecnologia e Digitalização

A utilização de tecnologia e digitalização pode ajudar a mitigar vários riscos associados à internacionalização, desde a gestão de operações até à segurança dos dados.

Ferramentas de gestão de risco – existem softwares especializados que ajudam as empresas a monitorizar riscos em tempo real, incluindo riscos financeiros, operacionais e políticos. Estas ferramentas podem fornecer análises detalhadas e alertas antecipados sobre potenciais problemas.

Segurança cibernética – à medida que as empresas se expandem internacionalmente, a proteção contra ameaças cibernéticas torna-se ainda mais crucial. Implementar protocolos robustos de segurança digital pode prevenir ataques que comprometam as operações ou os dados sensíveis da empresa.

Mitigar os riscos associados à internacionalização é um processo contínuo que requer planeamento, pesquisa e adaptação. Ao diversificar mercados, investir em parcerias locais, planear financeiramente, e proteger-se contra flutuações cambiais e riscos políticos, as empresas portuguesas podem minimizar os contratempos e aumentar as suas hipóteses de sucesso em novos mercados. 

Adotar uma abordagem proativa e cautelosa na identificação e gestão de riscos, como detalhamos neste artigo, permitirá às empresas não só crescer internacionalmente, mas também manter operações estáveis e sustentáveis a longo prazo.

 

Autor: equipa do blog do BOW