A resposta a esta questão tem impacto direto na forma/modelo da expansão internacional de uma empresa. Os diferentes tipos de operacionalização designam as formas como as empresas desenvolvem as suas atividades a nível internacional.

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  • Simples na utilização, mas não simplista nas análises que produz
  • Permite aferir o potencial de internacionalização da sua empresa; consiste num instrumento interativo capaz de gerar, em função das suas respostas, um diagnóstico da sua PME, seja ela exportadora ou com potencial exportador, abrangendo sete áreas chave da empresa/organização; 
  • O principal objetivo é contribuir para a reflexão sobre a estratégia de internacionalização implementada e em curso ou mesmo a implementar; 
  • No final é produzido um documento em formato “.pdf” passível de arquivar para futuras consultas
  • Para todos os temas em análise é obrigatório responder a todas as questões – se não se rever nas que são apresentadas, tente responder àquela que mais se aproximar da sua situação actual.
Assim, existem três grandes grupos de modos de operação internacional – exportação, modos contratuais e investimento direto. Cabe a cada empresa analisar qual o modo de operação mais adequado. Estas decisões, tomadas por cada empresa, dependem da consideração e do estudo de diversos fatores, nomeadamente os seguintes:
  • Tipo de organização;
  • Recursos e competências da empresa;
  • Motivações para a internacionalização;
  • Características dos produtos e serviços;
  • Relações de negócio já existentes;
  • Condições de atuação no país de origem;
  • Incentivos públicos à internacionalização nos países de origem e destino;
  • Características do país de destino – risco político e económico, clima de investimento, dimensão do mercado, dinamismo da economia, qualificação dos recursos humanos, custos de produção, política cambial, barreiras pautais e não pautais, infraestruturas;
  • Distância percecionada entre os países de origem e de destino (distância física, língua,
    laços históricos, integração monetária, entre outros);
  • Incentivos nos países de destino. Há países que concedem incentivos fiscais, alfandegários e também de localização.

Convém salientar que o tipo de organização que a empresa adota, por si só, exerce uma influência significativa sobre os modos de operação. Exemplo destas práticas é o facto de as empresas com uma produção cativa para cadeias internacionais iniciarem frequentemente a internacionalização pela exportação, podendo passar, de seguida, para a instalação de unidades produtivas junto dos seus clientes. Já no que respeita às empresas com produção assente na diferenciação, que segue geralmente uma lógica de exportação – investimento direto filial comercial, é por norma acompanhada pelo recurso à subcontratação internacional para conseguir uma redução nos custos de produção.

“É preciso fazer uma análise de custo/benefício da operação de internacionalização e não descartar o uso de uma análise de ROI (Return on Investiment)”

Quando abordamos a produção baseada em recursos naturais, a internacionalização inicia-se por norma pela exportação, tirando partido do facto de a empresa ter nascido em locais onde existem esses mesmos recursos naturais (exemplo do Vinho do Porto), podendo ser precedida pelo estabelecimento de filiais comerciais  atingindo, assim, um maior controlo sobre a distribuição internacional dos produtos).

A continuação da manutenção exclusiva da empresa no país de origem pode comprometer as possibilidades de crescimento da própria empresa, levando-as à realização de investimento em filiais de produção noutros locais (como forma de ampliar os seus recursos, de os conjugar ou de alcançar economias de gama (exemplo dos diferentes tipos de denominação de origem de vinhos, azeites, entre outros).

As empresas de serviços desagregados internacionalmente tendem a adotar formas contratuais, designadamente contratos de franchising (exemplos de rent-a-car, hotelaria ou retalho especializado) e de gestão (por exemplo: gestão hotelaria). No caso das organizações com base em projetos, a internacionalização faz-se através de projetos internacionais, por vezes realizados em consórcio (exemplo do fornecimento de infraestruturas e de unidades industriais).

Como consequência, o envolvimento internacional da empresa oscila em função do seu ritmo de captação de novos projetos. A empresa tende a efetuar um investimento direto quando se verifica uma consolidação do fluxo de projetos.

Ainda antes de iniciar o seu processo de internacionalização, é de vital importância que a empresa tenha discernimento para analisar as suas capacidades, de forma a alcançar esse passo no seu crescimento. Quer seja ao nível das exportações ou de outra forma de internacionalização mais complexa, a empresa tem que ter sempre presente que conseguirá assegurar as condições mínimas para a manutenção da sua atividade, de forma continuada.

Por estas razões, a internacionalização não deve ser vista pela empresa como um fim em si mesmo, mas sim como um caminho. A intensidade do processo de internacionalização, bem como a sua amplitude, devem ser vistas e avaliadas em função das oportunidades que irão surgir ao longo do tempo, coordenando também esta noção com os recursos à data existentes na empresa.

Dessa forma, as empresas deverão ter em mente a resposta às seguintes questões aquando da sua vontade de avançar para a internacionalização:

  • Quais as hipotéticas vantagens para a empresa?
  • A empresa tem as capacidades de gestão necessárias?
  • A empresa conhece bem os seus potenciais parceiros?
  • Irão os benefícios ultrapassar os custos?

O cuidado que as empresas devem prestar no estudo interno e na resposta a estas questões deverá ser tanto mais relevante quanto a empresa queira ter uma presença em regiões geográficas mais longínquas ou com tradições culturais mais distintas da sua e onde tem desenvolvido até ao momento as suas atividades.

“É preciso uma análise de riscos nos casos dos processos de internacionalização focados nas deslocalizações produtivas.”

Porém, os riscos inerentes ao processo de internacionalização não devem ser colocados de lado. A melhor forma de prever estes riscos, minimizá-los ou eliminá-los passa por preparar cuidadosamente os movimentos de internacionalização a efetuar. Além de adequadas respostas às questões em cima elencadas, a preparação da internacionalização englobará também, assim, a noção das seguintes dimensões da internacionalização:

  • O que internacionalizar? Para onde internacionalizar? Como internacionalizar?

Também internamente, além destas dimensões, as empresas devem avaliar as suas competências distintivas e os recursos da empresa. Os processos de internacionalização são fortemente condicionados pela forma como as empresas organizam as suas atividades, entre outros, pela forma como estruturam a elaboração e entrega de produtos e serviços em mercados externos. A forma como se diferenciam pode ser sinónimo de bons resultados.

Os diversos tipos de organização têm variadas implicações em termos de presença local e de relacionamento com os seus clientes. As decisões relativas ao que a empresa deve ou não exportar acarretam duas vertentes principais. A primeira diz respeito ao objeto da internacionalização; a segunda diz respeito às atividades da cadeia de valor que vão ser desenvolvidas internacionalmente. As respostas dadas pelas empresas estão, assim, relacionadas de uma forma evidente com as respetivas motivações da internacionalização.

A empresa pode focar-se, assim, mais em produtos ou mais em serviços, ou mesmo na comercialização de Know-how ou patentes. Quanto às atividades da cadeia de valor que são internacionalizadas, a resposta depende do tipo de atividade e das motivações da internacionalização. No que concerne ao primeiro, a produção assente na diferenciação, pode expressar-se na exportação com possibilidade de aprovisionamento internacional, enquanto os serviços desagregados internacionalmente requerem, pelo menos, a localização da atividade de prestação de serviços nos mercados externos.

Conclui-se então que o tipo de organização influencia as respostas às questões: o quê, onde e como as empresas internacionalizam o seu negócio.

Saber fazer as perguntas certas ao seu negócio é muitas vezes mais inteligente do que dar respostas!

Dica na prática – no caso do mercado principal estar na Europa Ocidental, poderá justificar-se a manutenção da atividade industrial em Portugal e exportar para eventuais unidades comerciais
nos principais mercados. Por outro lado, para mercados mais longínquos (exemplos de Brasil,
China, Moçambique, entre outros) poderá ser necessário e vantajoso o estabelecimento de
unidades produtivas nesses destinos.

Autor: Equipa de conteúdos do BLOG do BOW (@02,2019)