CIP – Confederação da Industria Portuguesa

Publicado originalmente na Revista BOW 

Numa conjuntura marcada por elevados riscos e incertezas no plano internacional, a internacionalização é um tema que ganha uma renovada relevância.

Quaisquer que sejam esses riscos e incertezas, a reduzida dimensão do mercado nacional faz com que o caminho do crescimento e do sucesso das empresas produtoras de bens e serviços transacionáveis tenha de passar por uma maior e melhor afirmação nos mercados internacionais.

Conclusão semelhante poderá ser transposta para a escala macroeconómica: a sustentabilidade do crescimento terá de basear-se numa crescente contribuição das exportações para o PIB, aproximando-se dos rácios que as economias europeias de dimensão equivalente à nossa apresentam. Qualquer tentativa de centrar a estratégia de crescimento no estímulo à procura interna terá como inevitável consequência o aumento das importações, o que, se não for acompanhado pela manutenção de um robusto crescimento das exportações constituirá um sério risco de retorno a desequilíbrios insustentáveis.

Por outro lado, a dimensão da nossa economia torna possível que pequenos aumentos de quota de mercado à escala mundial se traduzam por acréscimos significativos dos volumes exportados pelas empresas portuguesas e sustentem o crescimento económico.

Assim, maiores riscos e incertezas não devem desencorajar a internacionalização. Pelo contrário, tornam mais evidente a necessidade de um esforço conjunto das instituições públicas, das empresas e das suas estruturas associativas em torno de uma estratégia coerente, nas suas diversas vertentes: o aumento da capacidade de oferta, a diferenciação e valorização dos bens e serviços exportados, a capacitação de mais empresas para a internacionalização, o alargamento das cadeias de valor e a diversificação dos mercados.

Para além de uma política económica transversalmente mais favorável à competitividade e ao investimento, é necessário atuar em aspetos como a qualificação de recursos humanos, a disponibilização de informação sobre os mercados, as ações de promoção externa e de prospeção de oportunidades e o apoio e aconselhamento nos mercados externos.

Importa também estimular a participação das empresas portuguesas nas cadeias de valor globais, bem como a cooperação empresarial, tendo em vista economias de escala, complementaridades e a importância das grandes empresas arrastarem consigo as de menor dimensão nos seus projetos de internacionalização.

Em todos estes domínios, as associações empresariais têm um papel importante a desempenhar, através dos serviços que prestam aos seus associados. Agrupando setores, regiões, mercados, tecnologias, proporcionam o aproveitamento de economias de escala e de aglomeração na execução de projetos de internacionalização.

Com efeito, as associações:

  • mantêm uma relação de proximidade e confiança com as empresas que representam, o que lhes proporciona um profundo conhecimento das suas fragilidades e necessidades, dos seus pontos fortes e competências;
  • constituem o veículo privilegiado de confluência das políticas de fomento da competitividade e de internacionalização,
  • asseguram uma ligação facilitada com os organismos estatais que canalizam os apoios públicos;
  • possuem uma experiência acumulada em ações específicas de internacionalização.

É necessário, por isso, valorizar o papel das associações empresariais e promover a separação do papel de facilitador e de coordenação que compete às entidades públicas, em estreita articulação com a rede da diplomacia portuguesa, do que cabe às empresas e às associações que as representam e que desenvolvem as ações conducentes à sua internacionalização.

Neste, como noutros domínios, o Estado, tanto ao nível central como ao nível local, deve promover as já vastas competências desenvolvidas pela iniciativa privada e pelo associativismo empresarial, potenciando as competências adquiridas ao longos das últimas décadas.