A exportação está dentro do chapéu da internacionalização e por vezes é importante não baralhar conceitos, tendo este artigo, no blog do BOW, o propósito de clarificar o assunto.
Algumas confusões, e utilizações inapropriadas das duas palavras, são naturais pois a principal forma ou a mais habitual de internacionalizar é a exportação, embora não seja a única. Normalmente é também a primeira aproximação a negócios no exterior pois é, à partida, a que envolve menor investimento, menos know-how e necessidade de conhecimento do mercado destino – há alguns casos em que uma exportação spot não ter sido precedida de uma visita ao mercado ou ao cliente em questão (o que é digno de registo mas que muitas vezes não tem continuidade por falta de consistência, até pelo facilitismo com que surgiu…).
Internacionalizar uma empresa é um processo de fazer negócio no mercado internacional, num regime regular e consistente de acordo com uma estratégia desenhada e concebida previamente. Por outro lado Exportar , inserida na modalidade de TRANSACÇÃO “pura e dura”, é uma das muitas formas de internacionalizar e fazer negócios no mercado internacional.
O momento certo e o modelo de entrada dependem sempre da adaptação do binómio empresa/mercado e obviamente que não há uma receita única para entrar. Algumas empresas devido à sua natureza têm de experimentar no mercado doméstico antes de entrar em alguns mercados e há outros em que a experiência não obriga a experimentações no mercado origem, mas sim adaptações às especificidades do mercado destino (o que nos interessa mais é quem compra e não o que vendemos!). Importante é também ter em conta vários factores que podem ser vistos nestes dois artigos: internacionalizar com sucesso e compromisso para internacionalizar.
Basicamente as principais motivações (racionais…) para internacionalizar são 4 – Penetração em mercados externos; Manutenção ou reforço de redes de relações; Acesso a recursos produtivos; e Acesso a competências ou activos estratégicos
As Modalidades de Internacionalização são 3 (e já tive oportunidade de operar em todas elas): TRANSACÇÕES, INVESTIMENTO DIRECTO e PROJECTOS
- TRANSACÇÕES – Comercialização de produtos, serviços e marcas da empresa a entidades estrangeiras, restringindo a internacionalização à transposição da matriz produtos-mercados (exemplos: Exportação spot; Exportação a médio e longo prazo; Exportação via agentes ou distribuidores; Licenciamento da tecnologia ou marca; e Franchising)
- INVESTIMENTO DIRECTO: Replicação da cadeia operacional nos mercados externos pela própria empresa, de forma total ou parcial. Requer a transferência dos seus métodos de integração vertical (exemplos: Joint-venture ou subsidiária)
- PROJECTOS: Envolvimento internacional em projectos específicos e limitados no tempo, que também pode incluir a transacção de bens e serviços e o investimento pontual nos mercados externos (exemplos: Projecto Chave na Mão; Projecto BOT (Build Operate Transfer); e Contratos de Gestão)
Há então 2 variáveis que devem ser avaliadas previamente que são o maior ou menor grau de controlo que desejamos imprimir na nossa expansão (delegando ou fazendo) e o maior ou menor grau de envolvimento (ou seja, qual a dimensão e disponibilidade de investimento que estamos dispostos ou podemos fazer) – com estes dois graus de liberdade conseguimos construir mais facilmente uma matriz e desenhar o melhor posicionamento mercado a mercado. Sendo normal o desenvolvimento passar por diferentes fases de maturidade em todo o processo de longo prazo de uma expansão no exterior.
Em resumo podemos afirmar que a Internacionalização é tanto mais proveitosa quanto maior for o seu contributo para o aumento da competitividade da organização a longo prazo
Uma melhoria na competitividade da empresa pode ocorrer pela boa exploração das competências centrais em novos mercados, pela realização de economias de localização, ou pelo aumento das economias de escala e de experiência.
O alerta é que quantos maiores forem os custos da internacionalização de uma empresa, mais dificuldade terá essa empresa em se internacionalizar. Assim como quantos maiores forem os riscos de um futuro processo de internacionalização, mais ponderado deverá ser esse processo.
A maior capacidade de adaptação é normalmente sinónimo de em potencial ter melhores e maiores resultados – Bons negócios!
Autor: Adaptação de artigo original de José Carlos F. Pereira (expert em negócios internacionais, @02,2019)