Neste artigo retrata-se o panorama das exportações de bens e serviços em Portugal em 2020 com o objetivo de demonstrar o real impacto do efeito pandémico.
De seguida, com base nos dados do INE (Institudo Nacional de Estatistica), mostra-se a situação, e a sua dinâmica, no primeiro semestre de 2021.
O Fórum para a Competitividade considerou necessário dar uma “redobrada atenção” às exportações para regressar ao aumento do PIB (Produto Interno Bruto), uma vez que somos dos “mais atrasados da zona euro em termos de recuperação”.
Ou seja, a nossa recuperação e competitividade futura passa por um reforço da exportação de bens transácionaveis, assim como, na nossa opinião, na substituição de alguns bens e mercadorias que atualmente importamos. A reindustrialização de Portugal deveria ser um propósito nacional, conforme a AEP (Associação Empresarial de Portugal) defende!
Note-se que, desde 2012, Portugal tem apresentado um saldo positivo da balança comercial (bens + serviços), tendo, em 2016, atingido um superavit de 4,1 mil milhões de euros – esta mudança de paradigma no comportamento das nossas exportações foi e tem sido, muito possivelmente, aquele que mais contribuiu para a evolução positiva das contas públicas portuguesas entre 2012 e 2019 (e contribuidor positivo para o PIB). Salientando, porém, que continuamos ainda, infelizmente, deficitários na balança comercial de bens/mercadorias, embora em franca melhoria se compararmos com anos passados.
E este superavit da balança comercial (bens + serviços) desapareceu em 2020. Principalmente devido à balança de serviços e das rubricas de viagens e turismo.
2020 em números
Como podemos ver no quadro acima o desempenho e crescimento das exportações foi bastante positivo no periodo 2016-2019 (quase 10 mil milhões de euros de aumento em apenas 3 anos). Sendo que durante o ano de 2020 a diminuição foi de aproximadamente 5 mil milhões de euros.
Ou seja, deixamos de exportar um valor considerável de bens devido ao enquadramento de lockdowns generalizados em termos mundiais. No ano de 2020 podemos mesmo falar de movimentos de desglobalização.
Felizmente a desaceleração das exportações foi compensado por um decréscimo significativo das importações em 2020. Fazendo até que a balança comercial de bens ficasse menos deficitária do que em anos transatos. Mas a maior transformação foi nas exportações de serviços que cairam quase 14 mil milhões de euros (ver tabela abaixo).
E como se pode também observar no quadro acima (indicadores do Turismo de Portugal), a diminuição da venda de serviços na sua quase totalidade esteve relacionada com a quebra abrupta do turismo (somando as viagens via a transportadora aérea nacional). As rubricas de exportação no que diz respeito a viagens e turismo cairam na ordem dos 11 mil milhões de euros em 2020, quando comparado com 2019.
Neste atipico ano de 2020, em termos do que vendemos para dentro e fora da União Europeia (quadro acima – dados INE), não se verificaram grandes alterações no peso da distribuiçao geográfica. Mantendo a nossa dependência da UE nos 70% das vendas – especialmente em 3 mercados (+50%) – Espanha, França e Alemanha.
1º semestre de 2021
Entre janeiro e junho de 2021, as exportações portuguesas registaram um crescimento de 9,5%. Embora as importações também tenham aumentado cerca de 11,7%. De notar, embora o 2º trimestre de 2020 tenha sido desastroso com os primeiros confinamentos, o crescimento homólogo do PIB de 15,5% no segundo trimestre, com as exportações a aumentarem 39,4% e as importações 34,3%.
No primeiro semestre de 2021, com um valor total de exportação de 39,7 mil milhões de euros (30,7 mil milhões de euros em bens e 9 mil milhões de euros em serviços), a componente das exportações atingiu um peso no PIB (103,9 mil milhões de euros) de 38,2% (29,5% em bens e 8,7% em serviços), uma subida de 1,5 pontos percentuais face ao ano completo de 2020. Note-se que em 2019 o peso das exportações no PIB bateu, pela primeira vez, a fasquia dos 44%.
No mesmo período, o aumento, em volume, das exportações totais foi de 3,2 mil milhões de euros (4,5 mil milhões de euros em bens e -1,3 mil milhões de euros em serviços). Considerando que o crescimento do PIB foi de 3,9 mil milhões de euros, correspondente a uma taxa de variação real de 4,3%, as exportações apresentam um contributo de 3,5 pontos percentuais para o crescimento económico.
Investimento
Em termos de investimento, e segundo informação do Banco de Portugal, no final de junho de 2021, a posição de Investimento Direto do Exterior em Portugal (IDE) era de 153,7 mil milhões de euros, enquanto a posição de Investimento Direto de Portugal no Exterior (IDPE) totalizava 53,4 mil milhões de euros. O peso do IDE na economia foi de 74,2 por cento no primeiro semestre de 2021, enquanto, no mesmo período de 2021, o peso do IDPE foi de 25,7 por cento.
Acreditamos que em 2022 se atinjam os valores de exportações de bens de 2019. A retoma de valores de 2019 na componente dos serviços vai ser mais lenta devido ao turismo, embora tudo indique que a normalidade, e continuo crescimento que registavamos, se atinja em 2023.
O caminho deverá ser um Portugal Exportador mais:
1) Competitivo – que crie riqueza e emprego
2) Conectado – ligado aos mercados regionais e internacionais
3) Atractivo – para visitar e investir
4) Resiliente – capaz de se adaptar à mudança e dinâmica dos mercados
Autor: Equipa de conteúdos do BLOG do BOW @09,2021